terça-feira, 2 de agosto de 2016

Antes tarde do que nunca

Tenho 44 anos. E aparentemente, é a única coisa que eu tenho.

Não tenho emprego, moro de favor, perdi todas as minhas amizades e não namoro há 7 anos (bom, contando com meu último relacionamento de 2 meses, acho que posso aliviar para 5).
Só para não ser injusta, devo mencionar que eu tenho sim duas coisas muito importantes: uma alma gêmea miniatura chamada Guida, yorkshire de 9 anos, e uma família maravilhosa. Mas como essas não foram por mérito próprio, e sim presentes da vida, infelizmente não podem me tornar menos "looser" neste momento.

Ah, além de ter também DDA (Déficit de Atenção sem Hiperatividade - infelizmente, quem sabe eu poderia estar mais em forma).
Quero deixar claro que não decidi escrever para angariar pena, odeio isso e não sou infeliz. Escrevo como uma forma de compartilhar minhas experiências e quem sabe ajudar aqueles que se encontram em situação parecida. E aproveitarei para registrar aqui a evolução do meu tratamento, iniciado hoje.

Já que não sou uma expert, minha única dica é: se você tem DDA, faça o tratamento assim que receber o diagnóstico. Ou seja, não faça como eu. Eu recebi meu diagnóstico há 10 anos atrás. Até comecei a tomar os medicamentos, mas devido a alguns efeitos colaterais, abandonei. Um dos remédios, a Ritalina, que no começo eu chamava carinhosamente de Rita Lee e toda vez que ia tomar cantarolava "meu bem vou te tomar com água na boca", passei a chamar de Irritalina e a cantarolar "por isso não provoque, senão te dou um choque". Agora vendo a confusão que minha vida continua, e os prejuízos que essa condição me trouxe, acho que eu teria preferido ser um pouco irritadinha. Sim, porque isso pode ser tolerado em um relacionamento, mas ninguém tolera imaturidade. E infelizmente um DDA passa muito essa impressão, mesmo que não seja verdade. Fora outras coisas que podem ser bem irritantes. Portanto os prejuízos não são apenas profissionais e materiais, mas também nos relacionamentos afetivos como um todo.

Pois bem, hoje pela manhã fui na psiquiatra e saí de lá com a receita de um novo medicamento chamado Venvanse. Passado o susto na farmácia com o valor que eu teria que desembolsar (quase R$ 300,00), eu me senti esperançosa.
Eu deveria aguardar para tomá-lo só a partir de amanhã porque tem que ser tomado pela manhã, mas confesso que não quis esperar nem mais um minuto para começar a colocar minha vida nos eixos. Então lá pelas 14h o tomei (sem cantarolar nada porque seu nome não me fez link nenhum - aceito sugestões).

Enfim, tudo normal até eu descer as 21h para jantar. Subitamente me peguei arrumando a geladeira, agrupando os alimentos por tipo, coisa nesse nível! Olha, se eu eu conseguir organizar a minha vida como organizei a geladeira hoje, será muito bom. Certamente evitarei entrar em muitas frias, se me permite o trocadilho.